terça-feira, 14 de maio de 2013

o Meu incerto amor

És tu, és o mundo, tudo aquilo que faz parte de mim 
tudo aquilo que sinto quando penso que posso estar longe de ti 

 Toda dúvida, toda dor, mas também a insana sensação 
 de liberdade, de coragem, afinal, tudo aquilo que tu és 
 faz com que eu sinta que tenha alguma coisa a perder.

 Sem ti posso ter coragem, sem ti sai de dentro de mim um eu destemido
 já não há nada a perder, TU o maior sentimento

 de  medo, liberdade e prazer...

terça-feira, 25 de maio de 2010

Três Meses

Eu hoje olho pra aquele pedaço de ti...
na verdade são vários, vários pedaços de ti.

Lembro me de ti sentado na tua cadeira ao pé do portão
com o rádio encostado ao ouvido,
ja não ouvias muito bem mas estavas sempre a dizer:
Ja viste isso??

Eu sentia o sol tão quente a bater me na cara,
ficava quase cega de olhar pra cima, voltava a olhar pra ti,
sorria e fazia que sabia do que estavas a falar...

Lembro me da maneira como comias laranjas, que me deixava a
pensar que ninguém nunca ia comer laranjas com tanto gosto...

Eu hoje olho pra aquele pedaço de ti
e entristece me quando sento me a tarde no canteirinho
a olhar para o portão e ao lado esta a tua cadeira... vazia.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

In the Attic of the Universe

- Imagem: Derek Hess -



Estou no quarto a ouvir música (num rádio que há muito deixou de estar nos seus melhores dias),deitada na cama e a chuva cai lá fora sem cessar, bate com violência contra a janela - já quase que estou farta do inverno, quem diria, logo eu...

A música canta baixinho, só oiço qualquer coisa entre versos:

"...I wish I'd sail the darkness seas
...in a sailor's suit and cap...
where a man cannot be free of the evils of this town
...and of himself and those around..."

O momento faz me perder a noção, estou outra vez no meu mundo cercado de paredes escuras,
num quarto sem janelas e não oiço nada...
eles estão me a consumir a alma -
eu grito, choro, meto tudo cá pra fora
- ninguém me esta a ouvir, é quase como vomitar e comer de papa.

A raiva é absurda - sufoco.

Oiço bater à porta, e abrir logo de seguida.
As paredes escuras desaparecem -
A minha mãe diz: Vamos! Estás outra vez atrasada!!
Olho de relance para o espelho, talvez para me ajeitar,
talvez só por olhar...
olho para a cara da minha mãe sem dizer nada, fico ali especada -

- Mas o que é que se passa contigo??

(mais uns segundos)
- respondo: Nada...

E uma vez mais gritei calada.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Domínio

Agora o tédio me domina
e... por pior que seja, as vezes
prefiro ser dominado por um sentimento
qualquer, do que não sentir de todo - vegeto


Faz me sentir triste, nostalgico,
faz me lembrar das memórias que gostava de apagar, leva me para outro presente
no qual eu me vejo a agir antes de pensar, faz me querer gritar, correr na chuva até que as pernas me supliquem para parar

Este domínio
Que é como se no corpo, o espírito não encontrasse sítio onde ficar

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Senhora




Numa tarde muito fria de Novembro, uma senhora a qual a pele lembrava a textura de uma uva passa, com um vestido preto muito discreto e um véu preto que lhe cobria a nuvem de cabelos brancos por cima da cabeça subia os degraus da basílica do convento real de Mafra.

Com o custo que a idade já lhe pesava nas pernas caminhava lentamente para dentro da basílica e então até o altar da igreja. Observou a beleza à sua volta, uma beleza que assustava, intimidava, uma beleza dominada pelo silêncio.

Com delicados movimentos, sempre lentos ou até moribundos pode se dizer, tirou da malinha preta uma carteira vermelha de onde arranjou 200 escudos e depositou numa caixinha castanha que tinha um ar de já ter tido os seus dias de glória, mas que agora não passava de um simples detalhe, uma caixinha castanha com três fechos,onde superiormente podia se ler em letras grandes e douradas a palavra santíssimo. Tirou duas velas com cuidado duma caixa ao lado e foi para uma capela lateral onde sentia que poderia encontrar mais paz e sossego.

Acendeu as velas. Sentou se devagar e ficou a olhar para frente, a reflectir, sobre o quê não se sabe, só se sabe que tinha um olhar vazio, daqueles em que ninguém encontra a alma, porque esta a muito já está perdida.
Fechou os olhos pesadamente como se até isso lhe custasse.
Abriu os.

Olhou mais uma vez para o nada e com um sussurro surdo disse:
- Senhor… tende piedade da minha alma…
Deu um suspiro muito forte, que se fez sentir pelo corpo todo.
E então fechou os olhos, para nunca mais abrir.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

A Fonte

vivo a solidão menos sozinha que alguma vez vi
vivo a solidão dos pobre coitados cercados de gente
a solidão que ninguém conhece
a solidão distorcida
a solidão completa
a solidão que só a ela própria compreende... ou não...
vivo a solidão mais triste de todas
a solidão que eu mesma procuro
a solidão que já se tornou um hábito...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Veneno

"O meu ódio é o veneno que eu tomo
querendo que outro morra" - Luxúria

este ódio
esta raiva
este veneno que esta me a consumir
que esta me a levar daqui...
que me faz olhar para um amigo
e pensar em como lhe desejo mal
esta inveja doentia
que me mete nojo quando olho no espelho
este sentimento horrível
que me corroe, que me faz ter pena de mim,
o que faz me ter ódio do meu ser..
eu... esta alma podre.